terça-feira, 24 de maio de 2016

Uma Negociação ou A Coleira (A provação - Parte 5)

O barulho da tranca e a porta se abrindo me despertam, estava começando a sonhar, sonhava com meu Dono à minha frente, ajoelhada esperava ele fechar a coleira ao redor do meu pescoço, nua ali, vestindo apenas a coleira que venero, arrepiada para  cair na realidade.
            - Venha temos que servir o almoço.
            Tento me localizar, almoço? Onde? Quem é você? O que? Então meus pensamentos se clareiam começo a me lembrar de tudo desde o momento em que o telefone tocou de madrugada, a jovem linda e elegante, o quanto caminhei, onde estou.
            - Ande logo não podemos atrasar.
            Levanto, olho ao redor procurando o banheiro, vejo só a tina onde me banhei.
            - Onde é o banheiro?
            -Vem logo te mostro no caminho, vem.
            Uma outra jovem a quem ainda não tinha visto, usa coleira e a mesma vestimenta das outras duas que me trouxeram aqui, e é igual à minha. Me encaminho para a porta.
            - Oi sou Lua, vou te passar tudo o que devo lhe passar, eu era a mais baixa na hierarquia até você chegar, uma outra sai da casa hoje à noite, todas mudam sua posição na hierarquia, vem andando comigo que vou te explicando, se passarmos por alguém faça uma reverência, não importa quem seja, todos estão acima de nós duas e eu de você, é só dobrar um pouco os joelhos e baixar a cabeça, não fale com ninguém, não pergunte nada.
            - Cheguei hoje, o que é aqui? Quantas pessoas tem aqui? Tem mais algum homem aqui? Tem um dominador aqui?
            - Vamos andando, são ao todo, fora o pessoal da cozinha, que não fazem parte do grupo, sete Domme Cristina que é a Dono e tudo controla, só tem um homem aqui que é posse de Domme Cristina assim como a L, que deve ter sido quem a trouxe até aqui e mais 5 submissas incluindo nós duas e a que saí hoje à noite.
            Ela me indica um banheiro no corredor, entra comigo, e vai me passando o que deve ser feito, teremos que ir as duas pegar as bandejas na cozinha levar tudo num carrinho para a mesa, junto com a bebida a ser servida, hoje ela arrumou toda a mesa, mas à partir de amanhã eu que devo assumir essa tarefa, Domme Cristina é servida por sua submissa, nós colocamos tudo sobre a mesa e cada uma seguindo a hierarquia de serve. E quando terminar o almoço aí só você vai retirar a mesa e levar para a cozinha, nós não entramos na cozinha nem temos contato com o pessoal de lá, tudo fica colocado em uma espécie de armário giratório pegamos lá e deixamos lá.
            Enquanto ela fala faço xixi, saí muito amarelo, odor forte, estou já há muitas horas sem beber ou comer, ao me lembrar disso sinto o estômago doer, minha barriga ronca, na pia lavo a mão e passo a água no rosto.
            - Vem estamos na hora, vem.
            Ela saí do banheiro a sigo, no final do corredor uma porta dupla ela a abre retira de lá um carrinho destes de restaurante com algumas bandejas, e um outro com uma jarra de água, uma garrafa de vinho e outra jarra com algo que se parece um suco, ela me aponta o carrinho de bebidas e leva o de comida, e me diz que devo antes de todos sentarem à mesa levar o de bebida e voltar para pegar o de comida, que hoje ela está só me passando a rotina.
            Levamos tudo para uma sala continua ao salão onde cheguei, Domme Cristina já sentada à cabeceira da mesa, seus dois submissos um de cada lado a jovem do lado direito e o homem do seu lado esquerdo, outras 4 submissas estão sentadas,  as duas que me receberam mais afastadas da Domme e outras duas que estou vendo pela primeira vez, e apenas uma cadeira vazia.
            Lua se aproxima empurrando o carrinho, faz a reverência, estou toda atrapalhada sem saber onde me posicionar, Lua olha para mim com os olhos arregalados, entendo que tenho que fazer a reverência, vejo todos me olhando a fisionomia firme de Domme Cristina. Repito o gesto de Lua, sem jeito, sem graça, duas lágrimas escorrem pelo meu rosto, Lua começa a colocar as bandejas na mesa junto da cabeceira, depois pega as bebidas do carrinho e também coloca na mesa, procuro memorizar as posições, feito isso, ela passa por mim e cochicha em meu ouvido fique onde está e espere, e vai se sentar na cadeira vazia.
            Fico ali de pé observando tudo o que se passa, cada um se servido na ordem exata, apenas Domme Cristina é servida de vinho, seu submisso e sua submissa de suco e todas as demais de água. Estou parada de pé, me sentindo humilhada, sem saber o que fazer, perguntas surgem em minha mente. Será que não como? Tenho sede, será que posso beber? Todos se serviram, Lua á a última, percebo que ela olha para mim, percebo carinho em seu olhar, nas outras percebo desprezo. Então percebo o quanto sou inferior ali. Domme Cristina a submissa de Domme Cristina coloca alguma comida num potinho, água no outro, coloca no cão ao lado dos pés de Domme Cristina, silêncio mortal, todos olham para mim, uma lágrima brota de um dos olhos de Lua, Domme Cristina aponta para mim e para os dois potinhos, sigo atônita o movimento de seu dedo, não movo um músculo, olho apenas para Lua, seus lábios apenas balbuciam abaixa e come. Uma das submissas olha para ela como que a fuzilando, Lua baixa a cabeça sua face se cora. Estou com fome, sede, lutando contra mim mesma começo a me abaixar, já não contenho mais minhas lágrimas, joelhos no chão as palmas da mão, sinto o clima, consigo sentir a satisfação de todas, ouço o barulho de talheres contra os pratos, e como um animal de estimação que come embaixo da mesa aos pés do dono começo a tentar comer e beber, estou faminta, enfio a cara na comida, sujo a ponta do nariz, é difícil beber a água, tento com a língua pouco vem, depois descubro que fazendo biquinho consigo sorver um pouco, como e choro, bebo e choro, meus joelhos que ralei ao cair doem, preciso matar minha fome e sede, esqueço meu orgulho, engulo as lágrimas e começo a comer sem pensar em nada.
            Ouço o barulho de uma cadeira se afastar, logo em seguida todas as cadeiras são afastadas o submisso levanta e puxa a cadeira de Domme Cristina ela levanta, fico ali de quatro, de joelhos, me levanto, lembro que Lua me disse que devo tirar a mesa sozinha levar tudo para o armário, percebo que uma das submissas está falando com rispidez com Lua, ela só baixa a cabeça vejo-a apertando uma mão contra a outra, então a submissa que falava com ela se dirige até Domme Cristina, acabo de colocar tudo nos carrinhos, levo o de bebidas, volto para pegar o de comidas e encontro todas em um semicírculo, no meio uma espécie de puff, pego o carrinho de comidas e levo, volto e debruçada sobre o puff está Lua seu saiote levantado, suas pernas entreabertas expõe toda a sua nudez, paro estatelada na entrada, uma das submissas aponta um lugar no semicírculo.
            Então ouço a voz de Domme Cristina.
            - Lua receberá a punição de 10 chicotadas por haver se manifestado à mesa, por ter interferido e orientado Elvira quando não devia.
            - Então a submissa que a estava repreendendo, pega um chicote de tiras que pende da parede e dá a primeira chicotada, o som do chicote cortando o ar, o do impacto contra as nádegas de Lua, o seu gemido me fazem estremecer, quero falar, quero dizer que ela não teve culpa, que ela só me ajudou, mas nenhum som saí de minha boca.
            - Uma, obrigada.
            Novamente o som do chicote.
            - Duas, obrigada.
            Então o chicote é passado para outra.
            - Três, obrigada.
            - Quatro, obrigada.
            Vejo a bunda branca de Lua avermelhar as tiras deixam marcas em sua pele, seus dedos se crispam no tecido do puff a cada chicotada, as cinto em meu coração, ela está sendo castigada por minha culpa, ela deve estar com raiva de mim, eu a traí ela me ajudou e eu a traí, não fiz como ele me disse e por isso ela está sendo castigada. Uma revolta sobe pelo meu peito, mas ao mesmo tempo que o medo me paralisa. Outra submissa agora tem o chicote nas mãos.
            Sssssllllaaaaaapppppppppppppp.
            - Cinco, obrigada.
            Ssssslllllaaaaaaappppppppppppp.
            - Seis, obrigada.
            Sinto a voz de Lua mais embargada, não vejo seu rosto apenas sua bunda e coxas marcadas pelas chicotadas recebidas, Domme Cristina sentada em sua poltrona vermelha, com seus dois submissos ajoelhados cada um de um lado observam, novamente o chicote troca de mãos.
            Ssssssllllllaaaaaappppppppppp.
            - Sete, obrigada.
            Sssssllllllaaaaappppppppppppp.
            - Oito, obrigada.
            Ouço um gemido mais dolorido de Lua e para o meu desespero e espanto a que acabou de usar o chicote em Lua vem até mim, instintivamente, faço a reverência, olho para baixo e não estendo a mão para pegar o chicote que me é estendido, penso comigo mesma, como vou fazer isso com ela se o erro foi meu? É injusto. Não, não vou fazer, fico como uma estátua parada, o silêncio pesado poderia ser cortado com uma faca.
            Domme Cristina faz uma aceno de cabeça e a submissa que me oferecia o chicote o leva até a outra que o pega, lembro que ela ainda não havia dado as chicotadas em Lua, se uma ainda não tinha dado, eram dez chicotadas e oito já haviam sido dadas, minha cabeça ferve com meus pensamentos, então por que me darem o chicote? Estão me testando?
            Ssssslllllaaaaapppppppppppp.
            - ahnnn, nove, obrigada.
            Ssssslllllaaaaaappppppppppp.
            - Dez, obrigada.
Logo em seguida todos se movem, cada uma sabe para onde ir, Lua se levanta de sua posição debruçada, o chicote é dado a ela que o beija e o pendura na parede, se volta para todos na sala faz uma reverência, passa por mim e entre dentes diz.
            - Vem comigo.
            Ela passa e eu a sigo.


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