Estou assustada, sozinha numa estrada deserta,
ainda escuro, tropeço, caio, deitada no chão de barro choro copiosamente, minha
vontade é ficar ali não levantar, não andar, quero dormir. Então uma voz dentro
de mim me pergunta. Quer sua coleira? Quer estar com seu Dono? É algo que lhe
dá prazer?
- Sim.
- SIM EU QUERO!
Gritando me levanto, meus joelhos e mão ardem,
limpo a poeira, a túnica que visto está suja e rasgou ao se prender num arbusto
à margem da estrada, sem pensar, limpo minhas lágrimas com a mão, a poeira se
mistura com as lágrimas, levanto a cabeça com passos firmes e decididos alcanço
uma curva na estrada, olho uma subida, vou adiante, vou atrás do que é meu,
quero o que é meu.
Subo todo o aclive da estradinha, ao chegar no topo
vejo uma casa, um belo jardim à sua volta, uma cerca branca, um carro que
parece o que eu estava está parado na entrada ao lado, tem que ser ali, olho ao
longe, não vejo nenhuma outra construção, decidida começo a descer, chego até o
portão da cerca está aberto empurro, me dirijo para a entrada, uma porta dupla
alta, procuro uma campainha mas vejo duas aldravas, são leões que possuem algo
como uma argola, quando vou usar a argola para bater na porta ela se abre como
mágica. Uma jovem de seios nus, coleira, parece que usa algo de couro ao redor
dos seios, dos bicos pendem pingentes, ela se posta ao lado da porta, entro,
uma sala ampla, vejo uma mulher, vestida de negro, está de costas para a porta,
ao lado dela os dois que estavam no carro um de cada lado, ele já não usa mais
o chapéu e o paletó, reparo que ele também usa uma coleira, ela continua linda
e elegante como estava, ela olha para mim, de cima abaixo, surge um sorriso
sarcástico em seu rosto.
Sorriso que some assim que a mulher de negro se
vira, ela me fuzila com os olhos, seu rosto não demonstra nenhuma emoção, seus
olhos frios me olham de cima à baixo, estou paralisada junto à porta, tremo
como vara verde, em meu íntimo esperava encontrar meu Dono, tento olhar à
volta, meu coração diz para que eu o procure em cada canto, vejo apenas paredes
de pedra, correntes e grossas argolas numa das paredes, num canto uma poltrona
vermelha de espaldar alto, que me faz imaginar como um trono, começo a perceber
que estou na casa de uma Domme, me lembro das palavras ao telefone, “venho a
mando de Domme Cristina”, no momento que me dou conta disso ela dá um paço à
frente os dois ao lado dela fazem uma mesura abaixando levemente suas cabeças.
Ela para, aponta para mim e num movimento de seu
dedo indicador aponta o chão logo à sua frente, estou atônita, não sei o que
fazer, tremendo como se tivesse levado um grande susto, tento entender, tento
pensar em tudo que já conversei e passei com meu Dono, nos poucos segundos que
permaneço aí como uma estátua tento imaginar o que possa estar acontecendo.
Então ouço o estalar de um chicote, não tinha percebido ainda na mão dela um
chicote negro, devia estar junto à sua roupa negra, então ela repete o gesto
com o indicador aponta para mim e para o chão à sua frente, meu instinto
submisso me faz dar 3 passos parar à frente dela, uma mulher madura, cabelos
negros, lisos e brilhantes, traços do rosto firmes. Ela continua apontando para
o chão, me ajoelho.
Quando me ajoelho lembro, de uma conversa com Dono
sobre negociações que acontecem entre Dominadores. Estremeço só de pensar nessa
hipótese, não, Dono não teria o porque de fazer isso, ele tomaria minha coleira
mas não faria isso, se tivesse feito ele não teria dado ordem para eu trazer
apenas a coleira. Enquanto todos esses pensamentos me atormentam a voz dela
ecoa pela sala.
- Sou Domme Cristina, estás aqui para sua provação,
pelas próximas duas semanas estarás sob minha tutela. Tudo será decidido por
mim, estarás sujeita a todas as regras de minha casa, vou lhe fazer uma
pergunta, não quero ouvir sua voz para responder, apenas faça um movimento de
cabeça afirmativo ou negativo, se afirmativo entenderei que estarás aceitando
todas as normas e regras de minha casa, se negativo, imediatamente trocarás de
roupa e será levada de volta para sua casa. Preste bem atenção à minha
pergunta. É de sua vontade se entregar às regras e rituais de minha casa,
seguir a hierarquia e todas as determinações que lhe forem dadas?
Nervosa, tremendo, que regras? Que normas? Como vou
dizer que aceito algo que não sei o que é. Mal acabo de ter esses pensamentos
ela num gesto faz com que a jovem que me recebeu na porta me entregue um papel
onde estão listadas 5 regras.
1- És a mais baixa na hierarquia da casa;
2- Qualquer falha será punida;
3- Seu corpo passará a pertencer à casa;
4- Deves obediência a todos;
5- Me pertencerás por 15 dias.
Leio angustiada, o papel treme em minhas mãos, o
que fazer? Balanço a cabeça negativamente, termino com tudo isso e volto para
casa? Desisto de meu Dono e de minha coleira? Faço então um sinal afirmativo
com a cabeça.
- Muito bem então desse momento passas a ser minha
posse.
Sem eu saber de onde surge outra jovem, vestida
como a que abriu a porta e em suas mãos uma bandeja, Domme Cristina pega uma
coleira, como a que as jovens estão usando e a coloca ao redor do meu pescoço,
ouço o clique do fecho e então o som do fechar de um cadeado, a coleira me pesa
enormemente em meu pescoço, não sinto o prazer que sentia ao usar a minha
coleira, não sinto orgulho, não sou nada nesse momento. Lágrimas rolam por meu
rosto.
Então as duas jovens se aproximam de mim, uma de
cada lado e ouço a ordem de Domme Cristina.
- Levem-na para o espaço reservado para as
iniciantes, façam-na tomar um banho e deixar de parecer uma mendiga
esfarrapada. Levante-se!
Me levanto sigo as duas que caminham um passo à
minha frente, entramos num corredor frio, iluminado por tochas, caminhamos por
ele passo por algumas portas pesadas, trancadas com cadeados, vamos até a
última porta que está aberta, um cômodo minúsculo parece uma cela, num canto
uma cama tosca, no outro lado uma tina com água, uma mesinha com uma caixa de
madeira crua.
Paro na porta, então ao mesmo tempo cada uma corta
as alças de minha túnica que desliza pelo meu corpo e cai aos meus pés, estou
nua, sinto frio do ambiente percorrer meu corpo, me fazem entrar, a porta se
fecha ouço ser trancada. Sobre a cama um embrulho em papel pardo, preso a ele
um bilhete. Terás o restante dessa manhã para tomar um banho, vestir os trajes
que estão dentro desse embrulho e descansar. Meu estômago ronca, lembro que não
comi nada ainda, olho para a tina cheia de água, estou suja, abro a caixa, o
sabonete e shampoo que costumo usar estão ali, me alegro, entro na tina a água
não está quente, me molho começo a tomar meu banho, um prazer percorre meu
corpo, a visão do sabonete que uso que transmite uma grande alegria, passo o
sabonete por todo o meu corpo, sinto arder em meus joelhos que foram arranhados
na queda, o perfume do sabonete e do shampoo me relembram minha casa, me
imagino me banhando para o Dono, degusto do prazer, no embrulho sobre a cama
pego uma toalha, enxugo meu corpo acaricio-o com a toalha, tento identificar o
que devo vestir, algo como um saiote, as correias como as duas estavam usando e
um par de sandálias de sola de couro e amarradas por tiras nos tornozelos, me
visto, meus seios estão nus o saiote cobre pouco mais que metade de minhas
coxas, não tenho uma calcinha ou algo parecido, estou exausta, deito na cama
dura, durmo.
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