Acordo com o toque do meu celular, está tudo
escuro, sonada olho a hora cinco da manhã, número desconhecido quem poderá ser,
não atendo, telefone toca, toca, toca, para volta novamente a tocar, número
desconhecido. Resolvo atender.
- Alô.
- Bom dia, Elvira, venho por ordem de Domme
Cristina que me ordenou que lhe entregasse um pacote enviado por Dom André.
Ao ouvir o nome de meu Dono, através da voz
masculina ao telefone, dou um pulo da cama estou totalmente alerta e desperta.
- Sim, pois não.
- Logo estarei na portaria de seu prédio, peça ao
porteiro que autorize meu acesso. Obrigado.
Nem tenho tempo de responder e ele desliga o
telefone, corro para tentar melhorar minha aparência, estou descabelada, deitei
de madrugada pensando no que levar e arrumando tudo e agora cinco horas da
manhã, um misto de cansaço, euforia, medo, vou receber algo do Dono, ainda
nesses pensamentos e o interfone toca, droga esqueci de avisar antes.
- Pronto.
- Dona Elvira tem um rapaz aqui com uma encomenda,
nesse horário a senhora está aguardando algo? Posso abris o portão.
- Sim, estou sim, pode abrir e deixar ele subir. Me
desculpe mas esqueci de lhe avisar que haveria alguém chegando.
Passo uma escova no cabelo, arrumo o roupão a
campainha toca. Abro a porta um homem, por volta de seus trinta anos
elegantemente vestido, um terno cinza escuro, camisa branca, gravata e usando
um chapéu que se usava nos anos 30 ou 40.
- Bom dia!
Ele não retribui meu bom dia estende a mão e me diz
que havia sido ordenado para que me ligasse 10 minutos antes e que eu deveria
ter avisado à portaria sua chegada. Me disse isso sem nenhuma expressão em seu
rosto ao mesmo tempo que me entregou um caixa com um envelope preso a ele.
- Não quer entrar?
- Devo esperar aqui.
Encosto a porta, coração disparado coloco a caixa
sobre a mesa abro o envelope.
“Como lhe havia dito anteriormente deves passar
pela provação, ainda podes desistir, se resolver seguir adiante, vista sobre
seu corpo nu a túnica que se encontra na caixa, pegue a caixa em que fica
guardada a coleira que mandei fazer para você, mais nada e acompanhe o
mensageiro. André”
Palavras secas do Dono, não me trata por menina nem
nada não assina seu Dono, ou se fosse só Dono estaria dando pulos. Começo a
raciocinar, abro a caixa uma túnica branca de chiffon, que caem pelos meus
dedos quando retiro da caixa, ali mesmo tiro meu roupão, estou nua na sala a
porta apenas encostada, um homem desconhecido, visto a túnica que desliza pelo
meu corpo moldando-se a ele, os bicos estão eriçados pela sensação da troca de
roupa, pelo momento, vou para o quarto, pego a mala, só então me dou conta que
é para eu vestir a túnica e mais nada,além de pegar a caixa da coleira?
Me olho no espelho parece o tecido moldado por meus
seios, os bicos arrepiados, meus quadris ficam evidentes bem como meu monte de
vênus que passa a chamar atenção pelo tecido colado a ele, pego a caixa, vou
para a porta, ele está parado na mesma posição e postura de quando o recebi.
Tranco a porta do apartamento, sem bolsa sem nada, lembro que não peguei nem o
celular, fico com a chave na mão sem saber onde colocar.
- Estou pronta.
Sem nada dizer ele aperta o botão do elevador que
se abre, me deixa passar e entra, descemos para a portaria, ainda bem que ainda
está escuro, nem todas as luzes estão acessas no hall por conta de economia, o
porteiro cochila, em outra situação deveria reclamar, mas fico aliviada, ele
não me vê saindo praticamente nua.
Em frente ao portão um carro escuro, pisca alerta e
motor ligados, saímos pelo portão no mesmo instante que uma jovem mulher desce
do carro, veste um vestido longo, apertado pois precisa se virar no banco para
sair do carro, ela abre a porta traseira ao fazer isso vejo que está com as
costas totalmente nua, o decote vem quase ao seu quadril seu pescoço está
envolto por uma echarpe.
Cumprimento-a com um oi, não obtenho resposta, ela
olha seu relógio. E com um ar misterioso me olha de cima abaixo, me encolho
envergonhada, uma bela e jovem mulher lindamente vestida, eu quase nua e
descalça carregando uma linda caixa de veludo azul, me conforto coma caixa,
penso, tenho que ela não tem, mas assim que entro e sento no carro me surge a
dúvida, e pergunto a mim mesma, ainda a tenho? Seguro firme a caixa, crispo
meus dedos nela como se a prendesse com todas as minhas forças.
Ela entra no carro, ao entrar a echarpe desliza, em
seu pescoço vejo reluzir uma coleira, me afundo no banco, meus olhos se fixam
em seu pescoço, ela tem uma linda coleira, eu tenho a minha, mas guardada e no
colo.
O homem retira o chapéu ao entrar, sai com o carro
o silêncio total, rodamos por um tempo, saímos da cidade, rodamos por mais um
bom tempo numa estrada até que ele sai da estrada principal para uma pequena
estrada, o dia vai clareando os faróis do carro iluminam a estrada de terra batida,
percorremos ela por mais alguns minutos então o carro para e ouço pela primeira
vez a voz da jovem que nos acompanha.
- Deixe a caixa que trazes sobre o banco,
desça do carro e caminha na direção que estamos indo.
- O quê?
- Deixe a caixa que trazes sobre o banco, desça do
carro e caminha na direção que estamos indo.
- Não, não sei onde estou e não vou deixar minha
caixa.
- Deixe a caixa que trazes sobre o banco,
desça do carro e caminha na direção que estamos indo.
Seu tom de voz muda se torna mais ríspido, Ela é
uma submissa, pelo menos usa uma coleira, está me dando uma ordem direta,
lágrimas correm de meus olhos, pingam no que visto, minha coleira na caixa,
como vou deixar no carro, quem vai ficar com ela. Não consigo me mover, o
motorista abre a sua porta, desce, abre a minha porta.
- Deixe a caixa que trazes sobre o banco, desça do
carro e caminha na direção que estamos indo.
Como uma faca abrindo meu peito a voz dela me
dilacera, coloco a caixa sobre o banco do carro, acaricio-a como se quisesse
dar um último adeus. Como uma estátua ele segura a porta do carro aberta,
desço, meus pés descalços sentem a terra úmida pelo orvalho da noite, ele fecha
a porta, assume seu lugar ao volante e o carro se afasta. Fico ali parada
imóvel, indefesa, as lágrimas brotam aos borbotões, começo a caminhar seguindo
as luzes vermelhas do carro, meus pés sentem as pequenas pedras do caminho, só
penso em minha coleira se afastando de mim, eu a quero, ganho forças ao
desejá-la apreço meus passos que deixam de ser cambaleantes, então vejo as
luzes vermelhas sumirem.
Continuo a caminhar seguindo a estradinha meus pés
acostumados a sapatos e sandálias sentem a aspereza da terra batida.
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