sexta-feira, 20 de maio de 2016

Uma Negociação ou A Coleira (A Provação - Parte 2)

Vou para casa, o peito cada vez mais apertado desde que ele me mandou sua última mensagem mais de 24 horas já se passaram, muita coisa já se passou pela minha cabeça, será que aconteceu alguma coisa com ele? Acho que não pois vejo que ele viu minhas mensagens, viu agora a última que mandei. Será que seu celular foi roubado e alguém está vendo as mensagens, mas se tivesse sido roubado Dono já teria bloqueado e sei que o celular dele tem bloqueio de tela, então não deve ser isso, como essas dúvidas, aumentam minha angustia, cada vez mais fico pensando em meu pesadelo.
            Chego em casa o silêncio ao entrar me oprime, ligo a televisão não sei que canal, quero só ouvir algum som, queria ouvir o som da mensagem chegando, Dono dizendo minha menina. Troco de roupa, tiro tudo o que vesti para esperar seu contato. Visto o roupão, sento no sofá espero, espero, espero, coração cada vez mais apertado, aperto as mãos, os olhos enchem d’água, embaçam minha visão, escorrem por meu rosto, pingam em meu colo.
            O som da mensagem entrando, pego o telefone de um pulo, deixo cair no chão, capa para um lado, bateria para o outro, estabanada e assustada pego cada peça e monto, mais assustada e angustiada, e se quebrou? E se foi ele? Como responder se tiver quebrado. Acabo de montar, aperto o botão de ligar, espero, parecem horas os segundos que se passam, a tela começa a acender, sorrio assustada, clico no ícone das mensagens, é dele, lágrimas rolam mais intensas, é dele, é dele. Começo a ler, meu sorriso começa a sumir de meu rosto. Não poderia ser mais formal o que leio:
            Elvira Pena,
Temos algo a ser resolvido, estás entrando em férias, para que resolvamos a situação criada por seu erro, quero que você durante 15 dias de suas férias passe por uma provação.
Aguardo como resposta sua apenas um sim ou não.
André.
Termino de ler sem saber o que fazer, ele me chama por meu, não me chamou de menina, ou das outras formas que ele está acostumado a me chamar, para ser mais formal só se ele começasse com Prezada, ele nunca deixou de me mandar um beijo em suas mensagens e muito menos terminar com seu nome, sempre foi um Beijo de seu Dono.
Desabo no sofá, o que ele quer, como responder sim ou não sem saber sobre o que, fala de provação, que provação? Não estou passando por uma? Seu silêncio não é? Tremendo clico em responder, meus lábios tremem, soluço só posso responder Sim. Escrevo sim meu Dono, minha resposta é sim. Quando vou enviar me lembro de suas palavras “Aguardo como resposta sua apenas um sim ou não” apago tudo, escrevo Sim, envio. Fico olhando aparecer o sinal de enviado, os dois tracinhos escuros, foi a mensagem, ficam azuis, ele leu.
O som de mensagem entrando, outra mensagem dele, formal e seca.
Amanhã um portador levará suas instruções, até o momento de as ler e as seguir podes decidir não segui-las.
Boa noite.
Não sei o que era pior o silêncio dele ou sua frieza e formalidade em suas mensagens, quero responder que aceito que quero o que ele desejar, mas não me foi permitida essa ação, procuro um canal qualquer, que tenha algo banal, minha cabeça pensa apenas na sua primeira mensagem, usar os 15 dias de suas férias para uma provação, então penso, como será isso? Onde será isso? Se for fora daqui preciso estar preparada, fazer uma mala, o que levar, o que fazer? Preciso estar preparada para tudo, levanto disposta, corro para o quarto, pego uma mala, começo a escolher o que levar, encho a mala, não, não está nada certo, esvazio, uma bagunça sobre a cama, pensa mulher, tenta se organizar, arruma pilhas e pensa no que levar. Escolha o que sabes que ele gosta, seja simples, sorrio ao perceber que estou ensinando a mim mesma.
Já é madrugada alta, consigo fazer uma mala, lembro da caixa de acessórios, num local do armário uma outra caixa coberta com veludo azul escuro, fecho com um pequeno cadeado, pego, abro-a, dentro brilha minha coleira, toda cromada, as letras de meu Nick e as iniciais de meu Dono, o forro da coleira na cor escolhida por ele, o azul que tanto o agrada, acaricio a coleira, quero colocá-la no pescoço, dormir encoleirada, fecho a caixa, coloco sobre a mala feita.


Não tenho fome, não tenho sede, mas é melhor estar preparada e comer algo, vou à cozinha preparo um sanduíche, mastigo, engulo, de volta ao quarto meus olhos se fixam na caixa com minha coleira, vou para a cama apago a luz, preciso dormir, os pensamentos percorrem minha cabeça, tento entender, pensar no que pode ser, o que Dono está pensando? O que Dono está fazendo? Com esses pensamentos tento dormir. Fecho os olhos

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